Sem
ideia do acontecido, ainda desatinado, ainda perdido, cheio de sentimentos
feridos, o ódio de estar arrependido, o ódio e a raiva que por alguns instantes
sinto de você, nada muito aparente, uma raiva levemente que vem e passa de
repente sem muitos sinais deixar, cada vez que vem e vai a memória se apaga, o
que eu sentia se distancia, outrora parecia saudade, mas a verdade é que a
saudade deixou raiva até ao lembrar da sua cidade, talvez a idade justifique, a
inexperiência explique, mas eu já não quero ligar, não quero pensar, não queria
lembrar, recordar não dói, mas querer de novo o acontecido é a dor que trago
comigo por ter decidido nessas águas me afogar.
Tão
cedo? Tão rápido? Eu nem acredito, nem você deveria, não sei te explicar, nem
preciso explicar, nada disso mais importa, e talvez um dia ao andar por uma rua
torta voltemos a nos esbarrar, saberá os deuses se nos reconheceremos, se nos
sentiremos, penso eu que não, minha maior memoria são teus olhos negros, negros
como uma noite, com um brilho no meio da escuridão, cheios de solidão, cheios
de tristeza, para mim tua maior beleza, expectativa cruel, que frustra e amarga
a boca como fel, expectativa bandida que se fez de amiga e me veio a magoar,
expectativa falsa como lata barata vendida a ouro a quem se deixa enganar.
Fui
pego desprevenido pelo teu abraço quente e protegido onde fui a me refugiar,
teu carinho e atenção me desarmando e me deixando um bobalhão cheio de
pensamentos a imaginar, em pouco tempo admito viciei, fazer o que?! Acontece! Tudo
de repente, confundiu minha mente, tolamente agi. Não sei o que pensou, mas tua
atitude tomou, julgar pra que, também eu agora não consigo te entender, já nem
quero compreender, tenho medo de instigar e esse sentimento latente, inconsciente,
sem motivo aparente e doer, prefiro fugir, me esconder, do ver e sorver dessa
aventura agora idiota, outrora desvaído, futuramente só um acontecido
esquecido, empoeirado e largado em um canto por ai na memória.
Talvez
isso tudo seja besteira, talvez nem mais te veja, mas ao menos desejei te
eternizar, pra ti isso nem importa, afinal já é história morta, memórias póstumas
a se enterrar, história pra mim verdadeira, que avivou alguém que a muito
estava a se resfriar, o calor do teu sorriso me fez corrigir o perigo de minha alma
fechar, de me ocultar, de me sacrificar, me fez ver que não preciso ser
dependente, tão pouco descrente, e que positivos e negativos na vida estes
pontos vou encontrar, talvez nas tuas equações matemáticas o resultado não
tenha sido positivo, isso poderia explicar um motivo, afinal nas exatas não há
como mudar, eu enxergo diferente, um resultado aparente pode fácil se alterar,
somando a outro quem sabe o acaso não tenha algo reservar, já não importa, a
memória agora era uma chance que passou por um instante e em uma curva bem
distante irá se perderá, e saberá ela se não mais voltará.
Paulo Victor S. Moreira (10/08/2014)