Ainda
perdido, sem rumo escolhido, vivendo de aventuras e perigos ele não sabia mais
o que havia de faltar, sentindo falta e saudade de algo sem identidade que não
sabia explicar, o desejo por algo desconhecido, talvez esquecido Edgar queria
saciar, vontade estranha que ele mesmo dizia ter medo de provar, ele bem sabia
que junto logo viria o incomodo da agonia deste contraditório sentimento que
tende a nos mutar, decidido Edgar sabia que por ninguém se aproximaria, e a
todo custo evitaria esse sentimento cheio de rebeldia ao qual não teria como
controlar, conter, prender, educar, já tinha conhecimento que seu gênio incontível seria combustível para a chama propagar,
se consumiria de desejos prolíferos do sentimento a se apoderar.
Edgar
nem sabia se queria, nem ao menos sabia o queria, ele somente vivia, dia após
dia, sem nada apostar, se sentia confortável dessa forma, se sentia seguro
dessa maneira, sentia-se feliz do seu jeito de ser, aprendeu que desse jeito
podia se defender, a vida não era fácil para ele, mas pouco importava, ele
lutava, e até das tristezas se alegrava, ele só não queria sua fraqueza
mostrar, um fraco elo que fácil podia se quebrar, a fissura na forte armadura
do nobre Edgar.
Ele
até não queria, mas então se viu desarmado, totalmente rendido diante do vil e
ardiloso bandido que seu coração veio a levar, naquela noite ele nada queria, a
angustia o engolia, achou que aquele seria um ombro a lhe amparar, iludido com
esse pensamento se viu envolvido em sentimentos, tão bons para deixa-lo
enxergar que de fato estava a mergulhar em mar sem passagem para voltar,
parecia mentira tudo aquilo de tão bom acontecendo, ele cada vez mais se
envolvendo, cada mais o querendo, e aos poucos começou a sonhar, adormeceu
fortemente nos braços tão quentes daquele que estava a seu sono velar, perdido
naquela noite deslumbrante, depois de um roubo frustrante em que ele mesmo quis
se deixar levar, arrependido em mente, entregue e descrente no aquilo poderia
dar, sem nada pensar, querendo somente esquecer o que o futuro tem a guardar.
Paulo
Victor S. Moreira (06/08/2014)
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