quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Solares




Na areia branca e branda a pele sente de repente o ar quente soprar
Ventre no chão, sol no dorso, arrepio no pescoço
Um beijo na nuca, descendo as costas e em jogo de lábios se enrosca
Mãos com mãos, mãos e corpos, meu prazer é como bomba fazendo destroços
Pernas e tornozelos se enrolando, partes roçando, em sensações e volúpia me afundando
Dentro de mim o pássaro negro se debate, e a opção de por fim é só um descarte
Gritos, suspiros e plangências, não consigo, não aguento, peço clemencia
Teus olhos se fecham, sinto faltar-me ar e como um farfalhar escuto-te no pé de meu ouvido falar: - Te amo
Sinto-me fora deste plano, deste mundo, deste lugar
Ouvindo as ondas em meus pés batendo, te escuto gemendo, teu corpo tremendo e um sorriso malicioso a raiar
Belo e majestoso teu rosto lustroso de tanto me amar
Meu coração a ti pertence, pena que o veneno da serpente está a me contaminar
Para mim pouco importa se um dia ei de estar morta, na imensidão da praia te amei, minhas magoas enterrei e te fiz meu rei
Um dia me chamei Maria, me afoguei em desvairias e agora estou a vagar
De baixo do sol de meio dia acabo com a agonia de não saber amar, continuo minha estrada, mas quem sabe um dia possa voltar...
Paulo Victor Moreira (12/09/2012)

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