segunda-feira, 29 de setembro de 2014

LOVE ME AGAIN



É estranho estar em um mundo tão grande e não se sentir parte dele, é tão complicado estar inserido em algo ao qual não pertence, é como ser uma plantar em um deserto, lutando dia após dia para sobreviver a forte aridez, assim ela se sentia, tão doce e gentil, frágil que tão fácil se feria, tola podia-se dizer, Alice, a tão feliz Alice, rodeada de sonhos, vontades, ainda intocada pela maldade, queria conhecer o mundo de verdade, conhecer a verdadeira liberdade, voar e viver a real felicidade, respirar como seria a vida lá fora, longe daqueles preceitos cheios de dizeres de como agir, ela só não queria ser como todos, só queria ser ela mesma.
Tão inesperado como uma chuva de verão ele veio, ele por ela passou, com aquele vil olhar a devastou, com a mente a usou, e como uma chuva forte a molhou, ali estava o que ela procurava, assas que a levariam tão alto quanto qualquer coisa, um voo para as estrelas, sem muito pensar decidiu aquele naufrago desertar, ir atrás do que parecia ser seu passaporte de entrada ao seu paraíso, em meio aquele sorriso ela entendeu que já estava em um mundo perdido, desconhecido, novidades era tudo o que o incógnito oferecia, aquele desejo de surpresa a varia, ela ainda mais queria, ele cada vez mais a surpreendia, se a quisesse fácil a teria.
Tão perto ficaram, faíscas lampejaram, aqueles olhares, ah aqueles olhares a queimavam, por dentro ela fervia, a pele ardia, com as mãos ele a despia, gemidos ela não conseguia evitar, ele a mordia, e lentamente o suor escorria, cheia de calafrios ela sabia, não aguentaria, sua alma já exalava, revoltava, lutava, queria dela sair, ele a provocava, incitava que fosse dele, nem precisaria, mesmo que falasse seriam só palavras, seu olhar já mostrava, ele a luta já ganhava, sem armas para se defender, aquele pecado veio a render, aos toques mais quentes explodia, aos beijos mais pedia, ao prazer se rendia, ele mais intenso ficava quando ela gemia.
A sua alma, era o que ele queria, e ele a roubou ou será que ela a deu, pouco importa, ele levou ela ao mais alto paraíso, trazendo torpor em sorriso, marcando cada momento, abocanhando cada sentimento, ela sim sabia, aquele demônio a queria, sua alma levaria, sua ultima joia se quebraria, aquele instante inebriante a consumia, viciada por aquela droga, alucinada, acelerada ele a usava, é isso que ele queria, ver até onde ela iria, e ela longe foi, tão longe que nem ele conseguia mais voltar, perdido na imensidão que Alice podia lhe dar.
Garota de sorte, de libido forte, o beijo da morte poderia ali ganhar e nenhum efeito iria lhe causar, pois ela estava tão alto que nada podia lhe alcançar, tão rápido que tudo podia mudar, tão mortal quanto veneno, aquela era Alice vivendo, em mundo negro se reconhecendo, de prazer vertendo, a luxuria se misturando, dentro dela tudo isso foi aos poucos entrando, ele a subjugando mal sabia que a ela se ligaria, sua alma ele teria, mas nunca mais o mesmo seria, ela não sairia da sua cabeça pois era diferente, surpreendente.
No fim daquele voo ela ao seu mundinho teve que voltar, preferiu não olhar pra trás na despedida, temendo arder em dor a ferida, aquilo tudo apesar de tão bom a machucou, um corte que não podia ser visto, feito no mais intimo de seus sentimos, só ela sentia, só ela sabia o que a saudade em si podia fazer, ela queria não pensar, ela só queria esquecer, a chuva ao fim chegando, na memória ainda lembrando, cada lembrança uma dor e junto um sorriso, confusa pensava no maldito bandido, ladrão de sua alma, de seu coração, demônio encarnado, para sempre encrustado na sua mente, antes que o ultimo relâmpago surgisse ele sobriamente lhe disse: em qualquer momento eu serei o vento a tocar, a chuva será minhas mãos a te molhar, o sol meu beijo a te aquecer, e no fim do dia, mesmo que nada dê certo – ele prometeu – eu sempre serei teu.

Paulo Victor S Moreira (28/09/2014)

sábado, 27 de setembro de 2014

A deriva


Sem muito pensar na proposta, ele preferiu acreditar na proposta deu tudo em aposta que o desconhecido iria lhe agradar, ele que sempre tão certinho naquele mundinho decidiu se rebelar, aquele chamado por um momento o fez em pensamento uma ideia brotar, uma porta de luz no fim do túnel, um tiro no escuro, uma aventura para apreciar, se despiu da armadura, se tornou a negra criatura, em busca de algo que não sabia explicar, premeditadamente o pecado em semente começou a plantar, aquele desejo de prazer o consumia, o deixava em agonia, o que era aquilo que vinha a se tornar.
O encontro foi somente uma quebra ilusoriamente displicente, mas que insanamente o pegou de surpresa de repente, o derretendo, tornando algo lá dentro sorrateiramente diferente,  talvez um sentimento latente,  iniciando a fagulhar, a cada momento um diferente encantamento, feridas antigas a sarar, distraído não percebia que para aquele sorriso ele não sabia que não deveria olhar, fantasiado com inúmeras sensações acabou se perdendo nos acontecimentos, anestesiado ele estava e cada vez mais naquele mar navegava, longe da costa novamente estava a se levar.
Aquela noite foi diferente, tudo parecia ardente, fortemente divergente de tudo já se preparado para encontrar, o perigo o excitava, e a cada instante uma surpresa o cegava, ele nem sentia, ele nem sabia, desvairadamente ele nem percebia que em seu peito já ardia um sentimento em rebeldia, aprisionado e enjaulado liberdade clamaria, aos poucos sem perceber aquele afeto as grades começou a derreter, aos toques quentes e beijos ardentes decidiu verter, o amante envolvente o fez sentir novamente o anseio de querer simplesmente alguém para amar, aquela noite o marcaria, tão forte que arrancaria suspiros, e gemer o faria como jamais alguém conseguiria, ele se tornou a bala no escuro, se movendo tão rápido em impulso, sem se importar se iria se machucar.
A noite perfeita, cheia de prazeres diferentes, de elogios nada coniventes, carregados de sensualidade e o cheiro de pecado a exalar, suculentos beijos ardentes, cheios de deliciosos sabores a liberar, cada toque o destruía, aquele impetuoso cenário ali ruía, Edgar começava a se mostrar, despido de sua armadura, em baixo daquela luz, oh luz da mãe lua, sua espada parecia brilhar, o cavaleiro sem traje ainda assim era reluzente pronto para aquela batalha travar,  a luta já estava ganha, o lutador mal sabia, mas o choque entre os corpos o desmontaria, e o que sobrasse o mar levaria, a deriva ficaria, quem sabe um dia voltar.
Ele acreditou no que aquilo parecia, ele por instante se agarrou naquilo que feliz o fazia, vivia a sorrir e suspirar, Edgar tão pouco percebia, mas Maria em sonho o tentou avisar, aquele ainda não era o momento, não devia ter ao desconhecido entregado tal sentimento, ele não conseguiu compreender, e com seus erros teve que aprender, que mesmo momentos felizes podem do nada se converter.

PAULO VICTOR S MOREIRA (24/09/2014)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Counting stars


Ela viu o mundo cair
Ela viu o mundo desabar
Estrelas e sonhar
Por onde ir, por onde sair
Perdida, sufocada e ferida
Pelas ruas alucinada ela ia
Sem perceber, com o olhar ele a seguia
Agiu sem pensar e se foi destemida
De perfil interessante e toques alucinantes
Sentidos apurados, sentimentos pulsantes, prazeres inebriantes
Ela esqueceu de pensar, ela só queria se entregar
Por um instante ela lembrou da ferida que ainda ardia
O coração ela sabia ainda fraco batia
Mas que milagre, mas que covardia
Ele bem sabia, se a curasse ela se entregaria
A tentação em furacão a fez ceder em um instante
Ela debilmente e indefesa de prazer estonteada
Ele descaradamente a usava
Sem papas na língua ele nada escondia
Selvagerias picantes a ela dizia
Em sou rosto não sabia esconder o prazer que estava a ter
Ela bem compreendia, que o prazer que sentia ele a dava sem regraria
O peito ardia, ah as dores que sentia ó Maria
Ele cicatrizou e a fez esquecer a dor que outro a causou
Em uma noite a marcou, a salvou, a amou
Explicar ela não conseguia, nem podia
A manhã de sol já ardia
Quando mais uma vez ele a queria
Sem perguntar decidiu mergulhar no mar de prazer que ele a oferecia
E as estrelas ela deixou de contar, pois agora elas a invejam por sua companhia

Paulo Victor S. Moreira (01/09/2014)

domingo, 10 de agosto de 2014

Produto de uma equação sentimental


Sem ideia do acontecido, ainda desatinado, ainda perdido, cheio de sentimentos feridos, o ódio de estar arrependido, o ódio e a raiva que por alguns instantes sinto de você, nada muito aparente, uma raiva levemente que vem e passa de repente sem muitos sinais deixar, cada vez que vem e vai a memória se apaga, o que eu sentia se distancia, outrora parecia saudade, mas a verdade é que a saudade deixou raiva até ao lembrar da sua cidade, talvez a idade justifique, a inexperiência explique, mas eu já não quero ligar, não quero pensar, não queria lembrar, recordar não dói, mas querer de novo o acontecido é a dor que trago comigo por ter decidido nessas águas me afogar.
Tão cedo? Tão rápido? Eu nem acredito, nem você deveria, não sei te explicar, nem preciso explicar, nada disso mais importa, e talvez um dia ao andar por uma rua torta voltemos a nos esbarrar, saberá os deuses se nos reconheceremos, se nos sentiremos, penso eu que não, minha maior memoria são teus olhos negros, negros como uma noite, com um brilho no meio da escuridão, cheios de solidão, cheios de tristeza, para mim tua maior beleza, expectativa cruel, que frustra e amarga a boca como fel, expectativa bandida que se fez de amiga e me veio a magoar, expectativa falsa como lata barata vendida a ouro a quem se deixa enganar.
Fui pego desprevenido pelo teu abraço quente e protegido onde fui a me refugiar, teu carinho e atenção me desarmando e me deixando um bobalhão cheio de pensamentos a imaginar, em pouco tempo admito viciei, fazer o que?! Acontece! Tudo de repente, confundiu minha mente, tolamente agi. Não sei o que pensou, mas tua atitude tomou, julgar pra que, também eu agora não consigo te entender, já nem quero compreender, tenho medo de instigar e esse sentimento latente, inconsciente, sem motivo aparente e doer, prefiro fugir, me esconder, do ver e sorver dessa aventura agora idiota, outrora desvaído, futuramente só um acontecido esquecido, empoeirado e largado em um canto por ai na memória.
Talvez isso tudo seja besteira, talvez nem mais te veja, mas ao menos desejei te eternizar, pra ti isso nem importa, afinal já é história morta, memórias póstumas a se enterrar, história pra mim verdadeira, que avivou alguém que a muito estava a se resfriar, o calor do teu sorriso me fez corrigir o perigo de minha alma fechar, de me ocultar, de me sacrificar, me fez ver que não preciso ser dependente, tão pouco descrente, e que positivos e negativos na vida estes pontos vou encontrar, talvez nas tuas equações matemáticas o resultado não tenha sido positivo, isso poderia explicar um motivo, afinal nas exatas não há como mudar, eu enxergo diferente, um resultado aparente pode fácil se alterar, somando a outro quem sabe o acaso não tenha algo reservar, já não importa, a memória agora era uma chance que passou por um instante e em uma curva bem distante irá se perderá, e saberá ela se não mais voltará.


Paulo Victor S. Moreira (10/08/2014)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

THIEF OF HEART


Ainda perdido, sem rumo escolhido, vivendo de aventuras e perigos ele não sabia mais o que havia de faltar, sentindo falta e saudade de algo sem identidade que não sabia explicar, o desejo por algo desconhecido, talvez esquecido Edgar queria saciar, vontade estranha que ele mesmo dizia ter medo de provar, ele bem sabia que junto logo viria o incomodo da agonia deste contraditório sentimento que tende a nos mutar, decidido Edgar sabia que por ninguém se aproximaria, e a todo custo evitaria esse sentimento cheio de rebeldia ao qual não teria como controlar, conter, prender, educar, já tinha conhecimento que seu gênio incontível  seria combustível para a chama propagar, se consumiria de desejos prolíferos do sentimento a se apoderar.
Edgar nem sabia se queria, nem ao menos sabia o queria, ele somente vivia, dia após dia, sem nada apostar, se sentia confortável dessa forma, se sentia seguro dessa maneira, sentia-se feliz do seu jeito de ser, aprendeu que desse jeito podia se defender, a vida não era fácil para ele, mas pouco importava, ele lutava, e até das tristezas se alegrava, ele só não queria sua fraqueza mostrar, um fraco elo que fácil podia se quebrar, a fissura na forte armadura do nobre Edgar.
Ele até não queria, mas então se viu desarmado, totalmente rendido diante do vil e ardiloso bandido que seu coração veio a levar, naquela noite ele nada queria, a angustia o engolia, achou que aquele seria um ombro a lhe amparar, iludido com esse pensamento se viu envolvido em sentimentos, tão bons para deixa-lo enxergar que de fato estava a mergulhar em mar sem passagem para voltar, parecia mentira tudo aquilo de tão bom acontecendo, ele cada vez mais se envolvendo, cada mais o querendo, e aos poucos começou a sonhar, adormeceu fortemente nos braços tão quentes daquele que estava a seu sono velar, perdido naquela noite deslumbrante, depois de um roubo frustrante em que ele mesmo quis se deixar levar, arrependido em mente, entregue e descrente no aquilo poderia dar, sem nada pensar, querendo somente esquecer o que o futuro tem a guardar.


Paulo Victor S. Moreira (06/08/2014)

terça-feira, 20 de maio de 2014

Amnésia



Acordar e nem ao menos saber seu nome, era o que ela queria, era o que ela precisava, o sabor da liberdade exalava em vivacidade dos olhares que ela espalhava, sair e viver um pouco sem ter que olhar pra trás, mas o que tinha mesmo para se lembrar? Ela não sabia mais o que tinha deixado, aquilo tudo já havia passado. O agora ela via e insanamente sorria, pulava gritava na água gelada da chuva encantada que fortemente a banhava, sua roupa molhada ficava colada e sensualmente seu corpo mostrava pra quem quisesse olhar.
O olhar dele a arrebatou, o pudor novamente encarnou, mas sem nenhum ele a encarou, se sentia pelada, o rapaz a contemplava, com sede estampada de se aproximar, ela então em desafronto ao medo e espanto decidiu ir até lá falar, a chuva ainda caia forte, raios lampejavam a norte, refletindo a pele branca de dama da morte, sem esforço aparente, ele a levantou de repente perto o suficiente pra sentir brandamente o calor febril dele forte a irradiar. Tão alto quanto ela, tão forte quanto ela, de cheiro inebriante e tentador para ela, ao seu rosto à observar, a vontade tentadora de beija-lo.
Quebrando o silencio da moça, com voz cheia de força seu nome ele veio a perguntar, se um trovão veio junto não havia como dizer, mas o som a fez baixinho gemer, passado isso, nem sabia o que dizer, o que iria fazer?! Nem mesmo seu nome lembrava para ao homem responder. Percebendo que a moça nada falava, em abraço como uma laçada, disse a ela que Victor era o seu nome e que ali o nome dela não importava. Sem nem esperar, o beijo a veio explorar, transbordando o pensamento, a inundando de sentimentos, mergulhando no momento.

Ainda sentindo a sensação, despertou inebriada com mais um trovão, não sabia o que tinha sido aquilo, tinha que ser real, a pele ainda quente onde ele a tocava, nem de longe podia ter sido nada, obstinada sabia que ele existia, seu nome jamais esqueceria, pois era só isso que dele trazia.
Paulo Victor Moreira (04/05/2014)

terça-feira, 25 de março de 2014

Talvez


Talvez quando alguém achar isso, jogue no lixo essa folha amassada, rabiscada e borrada, impregnada de nada, forjada a partir das lagrimas que ousaram saltar, o salto de morte que depende de sorte onde vai pousar, um chão pedroso, talvez perigoso que a vida pode ceifar.
Querido amigo a quem escrevo, somente em segredo te posso revelar, aqui por um instante, em dor incessante do coração a sangrar, não sei o que sinto, pavor por instinto, já não aguento chorar, saudade e desejo de quando o vejo poder lhe tocar, sei que o amo, suplico e clamo seu beijo ganhar, palavras não ditas, sufocadas a gritar, prefiro às esconder, do que elas verter e seu silencio pra sempre ganhar, mesmo sem dizer nada tua presença me agrada, tua voz em brasa a me confortar, fica mais um pouco, me da teu abrigo, tento de tudo para que não vá, infelizmente o instante tão bom e constante tu ousas levar, novamente sozinho trancado em meu quarto volto a somente sonhar.
Amigo querido, te falo do coração partido como se fosse a vida a acabar, que assim não seja, mas sem essa tristeza eu não viria a lhe a falar. Eu te falo de amor, te falo dor, e de contraditoriamente feliz estar, lembro com muita saudade, e sinto muita falta da pele a roçar, do leve choque ao tocar, do arrepio ao beijar.
Não quero o mesmo fim de Maria, amigo, aquele coração ferido, que tão abatido decidiu parar, o meu quer viver, sarar e bater, por alguém que o verter amar, talvez os pedaços que do meu ficaram se juntem com os que de alguém restaram, união perfeita ao se completar.
Amigo, a você escrevo cheio de vontade e desejo de um grande abraço te dar, talvez ainda te escreva, mais do que deseja, para minha vida contar, talvez amigo, isso seja só um pedido de algo que não tenho coragem de falar, talvez te digo que o “talvez” possa se realizar, se o “talvez” é uma dúvida vem aqui põe-me a parede, me questiona, me faz comprovar, o “talvez” é só uma porta de uma estrada torta cheia de escolhas para se tomar, esse “talvez” quem sabe seja aquela cereja de felicidade no bolo a faltar.

Paulo Victor Moreira (25/03/2014)

sábado, 8 de março de 2014

Esperança



Palavras não ditas, tão malditas quanto às lagrimas libertas enquanto o peito está gritar, a dor da perda jamais desfeita fere e mancha a alma, a calma acalma a mente que descrente não pensa e nem sente o mal a rondar, desejos confusos anseios difusos, não sei o quero, desespero e agonia na noite tão fria que passa devagar, o olhar gélido dela tão amarga e bela vem me assombrar, afaga meu rosto cheio de desgostos com lágrimas a molhar, corações tão partidos quebrados e destruídos, por que Maria? Por que temos isso que passar? Ela já não mais vive, mas sempre que preciso vem me consolar, alma desesperada que pensou nunca saber amar, não sei como a compreendo, acho que só eu a entendo, por isso a mim sempre vem a procurar, escuto seus sussurros pequenos, murmúrios que em palavras escritas ponho a transformar, agoniada em me ver triste faz de tudo para me alegrar, percebendo meu desalento em seu colo me põe por um momento, entendendo que preciso chorar, sinto sua pele sem vida a alma vazia e um corpo sem um coração a latejar, talvez tenha murchado depois de partido e quebrado de tanto a vida o machucar. As dores de Maria são tão parecidas com as venho a experimentar, desde que a conheci insanamente percebi a maldição a lhe impregnar, desde o começo dessa história a dor e a glória vêm a se enfrentar, conto após conto, eu e Maria ficamos a nos espelhar, se quando a vejo é sonho então me proponho a acordar, vá e leva contigo este sonho bandido que minha felicidade vem a ladrar, sonho fajuto, mascarado, pesadelo infectado de desagrados, se é um teste divino Maria não o soube dizer. - Talvez sejais um anjo, ó Maria! – Ela abriu um sorriso enquanto me ouvia. – Anjo, eu? Não sei do que bebeu, mas um dia saberás, anjos amam, eu nunca amei! – Tão pálida ao ouvir o que mesmo dizia procurou a saída, tão insana ao lembrar da dor cardíaca de não amar, desapareceu em seguida me lançando uma lufada de brisa tão fria que minhas lágrimas fez secar, um ultimo suspiro em meu ouvido senti ela a dar, disse a mim que dormisse, que a tempestade não ia se demorar, como se embriagado estive-se perdi meus sentidos sem mais nada eu lembrar. De um pesadelo eu acordo com a esperança de em algum dia em um sonho de amor mergulhar.

Paulo Victor Moreira (08/03/2014)